Achar-se no vazio

Já escrevi antes sobre perder-se. E sobre perder-se em outro. Acho que das sensações mais estranhas a gente ver reflexos e características fora de lugar, noutro lugar. Os momentos que cada um pertence ao que é, são aqueles raros onde tudo esta no seu devido estado natural.

Mas perder-se de si é um sentimento imenso de frustração e vazio. Já perdeu um amor? Um amigo? Um casaco que você gostava muito? Um emprego? Agora, com essa coisa de moldes e modelos, o pertencimento parece que perdeu-se de si e virou uma busca condicionada. Quero dizer que tá todo mundo perdido... rs

A gente lida com a perda de maneiras diferentes. Mas acho que quando a gente se perde da gente, o vazio é cheíssimo de vazio. Duro de lidar. A vantagem desse momento de vazio infinito é que quando a gente suporta a dor e já não mais chora, aí os olhos recém esfregados podem, pela primeira vez, avaliar a extensão do imenso espaço em branco a ser preenchido. 

.E quando a gente se põe a pensar no que gostaria de colocar em cada canto, começa a clarear nossa perspectiva de mundo e de repente a gente vê que já tem um monte de coisa lá..... não é só um salão todo branco, mas nele já tem várias coisas que só precisam ganhar uma cor para serem notadas. Todas as coleções de histórias, relações, sentimentos, conhecimento adquirido, vivência. 

Quando a gente não sabe pra onde vai, qualquer destino é válido. Eu quero mais é criar o meu próprio. O que ele é ou onde vai dar, eu não sei. Apesar de dar medo, é libertador.

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