A jóia essencial

 Foi aqui que eu parei, que engraçado. Esse vai ser um daqueles a la Clarice. É que a realidade é difícil de explicar e não fará sentido jamais, já que cada um entende o que pode ou o que quer. Mas é que a Jewel era uma faceta minha, uma identificação que eu tinha e que até poucos minutos atrás eu não lembrava da intensidade. Quis um violão pra tocar e voltar aos meus 16 anos, a fase que mais tive o coração partido e que mais descontei no violão. Meu violão foi o meu primeiro grande amor. Adivinha se a Jewel não tá lá ainda? Esse lugar paira uns lances a cima, como uma lembrança que coexiste com o presente e com o todo.... uma sensação de pertencimento àquele lugar que achava não pertencer. Ultimamente ando muito sensível... como não me permiti ser por bastante tempo, apesar de ser da minha natureza.

A minha natureza é sensível. A Jewel me fez chorar... a Adele também... Fucking Amy também. 

A arte em mim se engasgou lá na Jewel. Parte dela, pelo menos... a simplicidade dela passou a ser um incômodo e sinal dado de incompetência dela; e minha, que insisti por mais de um ano em gostar de alguém assim tão meia boca. A gente vai mudando as convicções só pra poder existir.

Pra quem usa de música e poesia para se expressar, usar as próprias palavras pode ser um erro. Na maioria das vezes é. Meus heróis morreram de humilhação.

E quando a gente mata os nossos heróis, a gente morre um pouquinho também. A gente deixa de ser. É quando as coisas começam a ficar pelo caminho, pedaços da gente necrosados que viram peso morto e a gente liberta pra cansar menos.

Eu coexisto em muitos dos meus momentos de existência. Tenho certeza de coisas que aconteceram e acontecerão. Nem ideia de como essas certezas se confirmam. No fundo a gente sempre sabe se tá fazendo a coisa certa.

Engraçado também é o jeito que eu escolho as vezes de ver a vida, pra ser minimamente suportável, sabe? Mecanismos de defesa a gente tem aqui, só chegar. A gente defende o que vê, mas o monstro sempre sabe os melhores cantos pra se esconder.

Quando a gente é coagido a matar o nosso herói, a dor é duplamente amarga. Depois fica esquecida, já não faz mais parte do que circulam os pensamentos. A gente sobrevive. A gente sempre sobrevive... a gente se acostuma, né? 

Not anymore! Tantos planos e tempos e versos que pra encaixar tudo de volta no funil precisa saber direcionar e rever; refazer, reinventar.... coloco o verbo que for, mas preciso não reviver, só esse prefiro deixar pra lá. E sem saber como fazer, esses anos todos sem digerir, decido vomitar meu pensamentos no papel. Melhor pra fora que pra dentro, né Shrek?



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