05/04/2019
Sobre a distância e o distanciamento. Sobre a solidão, mas uma solidão conectada.
É louco o que eu sinto aqui, sozinha. A pensar me vi nessas coisas da vida, da construção do eu; da expansão que não acontece sem enraizar. Difícil de explicar o leque imenso de possibilidades que não ter raíz te dá. Eu ando meio sem rumo, sem plano, sem objetivo. Pra mim, qualquer lado é lado. Sei que as coisas tem um tempo pra acontecer e que eu sou muito ansiosa. Tenho pensado justamente nisso, em como acalmar a mente e viver um passo de cada vez. Saio para longas caminhadas com o Dylan. Muitas vezes, funciona. Outras tantas, não. É preciso ter paciência, pois pra ele é tudo muito novo. Nada tem o cheiro dele ainda, e nem o meu, na verdade. Trabalho essa aceitação de que estamos fazendo o melhor que podemos com as ferramentas do momento.
Hoje finquei o pé e me senti pertencer um pouquinho. Foi numa das escadarias de Montjuic. Tem algo de muito especial nesse lugar. Me Encanta! Senti que não posso, nem devo, flutuar sobre essa cidade. Tão diferente de Londres, acho que lá eu só flutuei... Hoje sou diferente, sou outra. Aproveito que tudo aqui é novo e faço cada escolha com respeito o máximo de respeito a mim mesma.
Essa distância ajuda a gente a entender como é importante a gente se dar bem com a gente mesmo, com as nossas escolhas e decisões, com os nossos sentimentos. Num geral eu simplesmente adoro a minha própria companhia! Bom, fui minha própria companhia desde muito cedo, aprendi a lidar comigo. Quer dizer, com boa parte de mim, pelo menos. Algumas emoções e sentimentos causam na gente algumas avalanches, por melhor que a gente se conheça. Quando desabo, meu primeiro instinto é sentir culpa. Cadê a coragem? Não dá conta, não? Aí me acalmo e me permito viver o momento. Afinal, ninguém é feito só de momentos bons. Depois aceito que realmente não dou conta de tudo, dos instantes, e que eles deverão, portanto, habitar um outro momento no futuro breve. E assim vou executando tarefas, não exatamente fazendo planos. Não sei o que quero fazer com a carreira... vou atirar pra alguns lados, mas queria sentir vontade de fazer uma coisa só, fosse ela o que fosse. Ainda não achei essa paixão, então sigo vivendo, procurando...
Eu andei sentindo muito medo da solidão, do não saber me conectar mais. E da solidão aliada à velhice. Isso colocou em perspectiva algumas questões internas. Eu não achei nenhuma resposta, mas estou mais conectada ao momento presente e, assim, abrindo campo para um futuro se construir. As possibilidades são muitas, e pensei: o que me faz diferenciá-las para afunilar? Hoje, acredito que a resposta seja direcionada para duas coisas: sentir-se bem e afeto. Sei que o caminho é correto quando têm essas duas bases. Se não tiver isso, já não pode ser uma opção.
Esses momentos de crise são de grande aprendizado. Sempre são. Dói, a gente chora, mas cresce.
Apesar de perdida, me sinto bem. Algumas reflexões tem sido constantes. Abraçar os momentos de crise sempre me faz mais forte.
Eu me sinto muito privilegiada, por muitos motivos. Mas hoje, por ter aprendido a criar laços e estar conectada. Um a um, cada um de um jeito. Mesmo os que tem dificuldades, já que a saudade pode ser uma "bitch", eu sei que o bem estar e o afeto estão lá, e então está tudo bem. A gente encontra jeitos, abre caminhos...
...eu tenho reencontrado a escrita. É um escape e um processo de cura.
Esse é um momento de vida que merece ser registrado, pois é ele, assim intenso, que me ajuda nessa busca eterna do "eu".
...não sei o que vem pela frente e sinto medo. Ao mesmo tempo, sinto que a vida simplesmente acontece - e vai continuar acontecendo. E que as coisas que são minhas estão comigo, de alguma forma.
O verão tá chegando! E nesse funil de possibilidades, só tende a melhorar. É isso o que eu penso...
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